Alguns pontos a comentar:
- A expressão "por Ele, com Ele e nEle" é uma tradução mais fiel ao original latino "per ipsum, et cum ipso, et in ipso", que, na tradução vigente no Brasil, aparece como "por Cristo, com Cristo e em Cristo".
- A rubrica das cinco cruzes que o sacerdote realiza pertence ao Missal tridentino, atual Forma Extraordinário do Rito Romano.
Eis o trecho em questão (os grifos são da fonte original):
Para que se compreenda bem a imponente majestade da Missa, evocarei agora, cheio de emoção, um gesto do celebrante que resume admiravelmente todo o ideal de glorificação da Trindade pelo admirável Pontífice e Mediador da Santa Missa. Parece-me que nesse momento, mil vezes sublime, os nove coros dos Anjos, toda a assembléia dos Santos, e o Purgatório, circundando de perto o celebrante, bebem suas palavras e ficam suspensos a seus gestos, impregnados de divina majestade.
Pouco depois da consagração, o sacerdote, tendo na mão direita a Hóstia divina, traça com Ela cinco cruzes sobre o Preciosíssimo Sangue, dizendo: “Por Ele, com Ele e n’Ele, a Ti, Deus Pai Onipotente, na unidade do Espírito Santo, damos toda honra e glória!” e, com essas palavras, eleva ao Céu a Hóstia e o Cálice juntos.
Sublinhemos com ardor a grandeza inexprimível desse gesto, divino entre todos…
O próprio genial São Paulo, descendo do terceiro Céu, teria tido a eloquência necessária para explicar-nos toda a majestade dessa fórmula litúrgica, de infinita riqueza de significado?
Por Ele, o Homem-Deus de Belém, do Tabor e do Calvário, realmente presente nas mãos do padre, tal como estava presente nas mãos de Sua Mãe Santíssima…
Com Ele, o Homem-Deus crucificado, morto e ressuscitado… que subiu aos céus e está sentado, como Deus à direita do Pai, e a quem o Pai conferiu todo poder no céu e na terra…
N’Ele, o Homem-Deus, por Quem e para Quem tudo foi criado, que foi constituído Rei imortal, e que virá sobre as nuvens do céu, como Juiz, a julgar os vivos e os mortos…
Sim: por Ele, com Ele e n’Ele, glória infinita à Trindade adorável e augusta!
Se neste momento lhe fora milagrosamente revelado, em clarão divino, toda a significação desse gesto, morreria o celebrante, não de temor, porém de emoção e júbilo!
Somente à Virgem-Mãe coube o insigne privilégio de antecipar-se ao padre, mediante a oblação por Ela feita do Filho ao Pai, em Belém, no templo de Jerusalém, e no Calvário.
Não é, pois, exato ser a Santa Missa o hino oficial de glória, único digno da Trindade augusta?
E nessa ordem de idéias, saboreemos deliciosamente a magnífica estrofe desse hino, pelo próprio Cristo ensinando aos apóstolos, e tal como Ele o canta no Altar, pela voz e liturgia da Igreja: “Pai nosso que estais no céu… Pai santificado seja o Vosso nome!… Pai, venha a nós o Vosso reino!… Pai, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu!…”
Consideremos que o orante que assim reza é o próprio Verbo Encarnado, o Filho de Deus e de Maria Santíssima, que no Altar exalta a glória d’Aquele que é Seu Pai e nosso Pai!Podemos pois afirmar que a criação do Universo, tirado do nada, é apenas pálida centelha de glória, quando comparada à glória que Jesus, Grão-Sacerdote, rende no Altar às Três Pessoas da Trindade augusta.E agora, fixos o olhar e o coração no Gólgota do Altar, façamos uma audaciosa hipótese, legítima e verossímil criação de nossa fantasia… o próprio Senhor a utilizou para pintar os inimitáveis quadros de Seus discursos figurados e de Suas incomparáveis parábolas. (...)
Assim compreendida, a oração oficial
do Cristo Mediador durante a Missa é a única que tem o poder de
atravessar as nuvens, indo atingir e empolgar o Coração do Pai… Esta
súplica é verdadeiramente uma onipotência, pois que jorra do próprio
Coração de Jesus, Mediador todo-poderoso. É Ele mesmo quem no-lo
declara: “O Pai me ouve sempre!” Quando Ele reza, Ele ordena. Sua
palavra realiza o que pede, pois Ele é Deus! Eis porque nossa primeira
oração espontânea, nas visitas ao Santíssimo Sacramento, na adoração
eucarística ou quando fazemos adoração noturna no lar, e sobretudo
quando assistimos ao Santo Sacrifício, deveria ser sempre o “Cânon” da
Missa, fórmula litúrgica mil vezes sagrada e venerável, por seu conteúdo
dogmático e por sua antiguidade. Poderíamos desta forma unir-nos, em
todas as horas do dia e da noite, aos milhares de celebrantes que
elevam, como rutilante arco-íris, a Hóstia e o Cálice… E por meio deste
tão simples impulso do coração, realizaríamos esplendidamente o “Glória a
Deus nas alturas” dos Anjos, na noite de Natal.
Do Zelo Zelatus Sum publicado um belíssimo trecho do livro: JESUS, REI DE AMOR, como autor
Pe. Mateo Crawley-Boevey, SS. CC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário