Introdução
A
Igreja, desde que construída como edifício destinado unicamente e de
modo estável a reunir o povo de Deus e a realizar os atos sagrados,
torna-se casa de Deus. Por isso, de acordo com antiquíssimo costume da
Igreja, convém que seja dedicada ao Senhor mediante rito solene. Quando a
igreja é dedicada, tudo o que nela se encontra , fonte batismal, cruz,
imagens, órgão, sinos, estações da “via-sacra”, deve considerar-se
abençoado e erigido com o próprio rito da dedicação, não sendo precisa
nova bênção ou ereção. Toda igreja dedicada deve ter um Titular.
Convém se mantenha a tradição da Liturgia Romana de encerrar
sob o altar relíquias dos Mártires ou de outros Santos. Note-se que
sejam partes dos corpos e que de tamanho tal que isso seja notado e que
sejam postas sob a mesa do altar.
A liturgia de dedicação principia com as I Vésperas no dia anterior, quando havendo relíquias são apresentadas para veneração pública. Se existem relíquias, é muito conveniente que seja celebrada uma vigília com as mesmas. Tais cerimonias se fazem em uma capela ou outro local fora da Igreja a ser dedicada.
PreparativosDeve-se preparar
a) no local onde sai a procissão:
- Pontifical Romano
- Missal Romano
- Paramentos para todos (lembremo-nos das vimpas)
- Insígnias para o bispo (especialmente nesta ocasião seria conveniente que usasse dalmática)
- Cruz processional (sem velas)
caso se transportem relíquias, prepara-se ainda:
- cofre com as relíquias, ladeado de flores e tochas
- para os diáconos que vão transportá-las salva, estola e dalmáticas vermelhas, se os que carregam forem padres, estola e casula vermelhas. Se não forem mártires os mesmos paramentos, mas brancos.
b) No presbitério da igreja a ser dedicada:
- Missal Romano
- Lecionário
- Caldeirinha com água e hissopo
- Santo Crisma
- Toalhas para limpar a mesa do altar
- Toalha impermeável e 1 ou 2 outras toalhas para o altar
- cruz e sete velas (ou no mínimo 2) para o altar
- Lavabo e manustérgio para lavar as mãos do Bispo
- (Sabonete e limão para lavar as mãos, tirando o óleo e o cheiro característico do Santo Crisma)
- gremial e manícoto
- pequeno fogareiro
- pão, vinho e água para a celebração da missa
- flores para enfeitar o altar
- uma vela pequena que o bispo há de entregar ao diácono
- véu-umeral, caso também se inaugure a capela do santíssimo sacramento ou o sacrário
Início
O
bispo é comodamente recebido, se iniciar-se a celebração em outra
igreja, reza como de costume onde se encontra a reserva Eucarística. Se
for na própria igreja e não houver ali reserva eucarística, segue da
porta para o vestiário.
Para se entrar na Igreja a
ser dedicada existem 3 opções: procissão, entrada solene, entrada
simples. Dando-se preferência à primeira.
Procissão
Em
outra Igreja ou local conveniente, onde devem estar as relíquias se
existem. O bispo dá início à missa como de costume: "Em nome do Pai...",
"A paz esteja convosco" como breves palavras introduz o povo ao
espírito da celebração e, em seguida, inicia a procissão. Não se usa
velas nem incenso. Chegando à porta da Igreja, que deve estar fechada,
aqueles que cuidaram da construção da igreja entregam ao bispo diocesano
as chaves dirigindo a ele e ao povo breves palavras. Em seguida o bispo
ordena ao sacerdote, a que compete o múnus pastoral da igreja (pároco
ou administrador paroquial) que abra as portas. estando abertas as
postar, o bispo convida o povo a entrar processionalmente: "Entrai pelas
portas do Senhor...". Todos entram enquanto canta-se "Ó portas levantai
vossos frontões". O bispo entra, sem beijar o altar e vai direto à
cátedra onde dá continuidade à celebração. Se houver relíquias são
depositadas no presbitério em lugar conveniente rodeadas pelas tochas.
Entrada Solene
Os
fiéis reúnem-se à porta da igreja que vai ser dedicada. As relíquias já
terão sido depositadas no presbitério previamente. O bispo inicia a
celebração à porta. Seria muito conveniente que esta estivesse fechada e
que a procissão fosse a frete da igreja por outro caminho, caso isso
seja demasiadamente difícil, os ministros podem sair pela porta da
igreja, que permanece já aberta.
Inicia-se normalmente. Um
dos encarregados da construção da igreja entrega as chaves ao bispo, se
as portas estavam fechadas, abrem-se. O bispo convida todos a entrarem
na igreja, como quando se faz a procissão.
Entrada Simples
Estando
os fiéis reunidos já na Igreja, o bispo e os ministros dirigem-se para o
presbitério habitualmente. As relíquias sã levadas na própria procissão
de entrada. O bispo sem beijar ou incensar o altar dá início a
celebração, em seguida são-lhe entregues as chaves da igreja como nos
ritos acima.
Bênção da Água e Aspersão
Terminada
a entrada, o bispo sem incensar o altar e sem beijá-lo vai para a
Cátedra, permanecendo de pé. Então, quando todos estiverem nos seus
lugares, dá início à bênção da água. Finda a bênção, o bispo assistido
por diáconos, percorre a nave da igreja aspergindo o povo e as paredes.
De regresso ao presbitério, asperge o altar. Em seguida canta-se o hino:
"Glória a Deus nas alturas". Em seguida o bispo diz "Oremos" e profere a
Oração do Dia.
Liturgia da Palavra
O
bispo senta-se como de costume. Antes, porém, do inicio das leituras,
os dois leitores e o salmista vão até o bispo segurando o lecionário que
tomaram da credência. Entregam-no ao bispo que mostra ao povo,
permanecendo na cátedra: "A Palavra de Deus ressoe sempre...". Os
leitores e o salmista dirigem-se para o ambão levando o evangeliário de
modo que todos vejam. Usam-se leituras próprias que se encontram no
Lecionário do Pontifical Romano Findas as leituras, proclama-se o
evangelho como de costume. Não se usa, porém, incenso nem velas. O
diácono pede a bênção ao bispo, pega o evangeliário que está sobre o
altar desnudo e dirige-se para o ambão.
Durante a homilia, que o
bispo faz comodamente da Cátedra, ressalta a dignidade da casa de Deus
que é a igreja, do respeito que se deve ter com ela e do significado do
rito da Dedicação. Terminada a homilia, todos dizem ou cantam o Creio.
Ladainha
Após
a liturgia da palavra, o bispo convida o povo a orar: "Meus irmãos e
minhas irmãs, oremos a Deus..." Em seguida, fora do tempo pascal e
domingos, um diácono diz: Ajoelhemo-nos. E todos se ajoelham. Para o
bispo seria conveniente um faldistório. No tempo pascal e domingos,
todos permanecem de pé. Canta-se, então a Ladainha de Todos os Santos,
inserido-se na parte adequada, o titular da igreja, dos santos cujas
relíquias forem depositadas e o padroeiro do local. terminada a
ladainha, o bispo, de pé, de mãos estendidas recita: "Senhor, aceitai
com clemência". Se estiverem ajoelhamos o diácono, ao final diz:
"Levantai-vos".
Deposição das Relíquias
Depois, se houver relíquias de santos, são depositadas sob o altar. O
bispo dirige-se para o altar. Um diácono ou presbítero apresenta as
relíquias ao bispo, que as encerra em um sepulcro previamente preparado.
Um pedreiro fecha o sepulcro, e o bispo volta à cátedra.
Prece de Dedicação e Unções
Em
seguida, de mãos estendidas, da cátedra ou do altar canta ou recita:
"Deus Santificador e Guia de vossa Igreja...". Em seguida o bispo tira,
se necessário, a casula e põe o gremial. Se não estiver no altar,
dirige-se para ele acompanhado pelos diáconos e outros ministros, um
deles portando o Santo Crisma. Então diz: "O altar e a casa" e derrama o Crisma no meio do altar e nos quatro lados do altar.
Depois disso unge as paredes da igreja, marcando as doze ou quatorze cruzes dispostas
nas paredes com o sinal da cruz. Nisto pode ser ajudado por dois ou
quatro presbíteros, não porém diáconos. Feitas as unções, o bispo volta
para a cátedra, os ministros lavam-lhe as mãos. O bispo depõe o gremial e
toma novamente a casula.
Primeira Incensação da nova igreja
Coloca-se
um fogareiro sobre o altar com brasas. O bispo, sem mitra, coloca
incenso no fogareiro e benze-o. Ou coloca sobre o altar um punhado de
incenso e velas. O bispo coloca incenso no fogareiro e benze-o; ou com
uma pequena vela acende o incenso, dizendo: "Suba a nossa oração,
Senhor".
Depois
o bispo coloca incenso nalguns turíbulos, benze-os e incensa o altar.
Em seguida volta para a cátedra, é incensado, sem mitra, e senta-se. Os
ministros percorrem a nave da igreja incensando o altar e as paredes.
Enquanto isso canta-se.
Iluminação do altar e da igreja
Depois
de terminado o canto e a incensação, limpa-se o altar e, se necessário
estende-se sobre ele a toalha impermeável e a(s) outra(s). Adorna-se o
altar com flores e depõe-se sobre ele os castiçais (7, por se tratar de
uma missa estacional) e o crucifixo.
Depois o diácono aproxima-se
do bispo, este lhe entrega-lhe uma pequena vela acesa dizendo: "A luz
de Cristo". Em seguida o bispo senta-se e o diácono acende as velas do
altar e as próximas às cruzes.
Liturgia Eucarística
Diáconos
e ministros preparam o altar como de costume. O bispo ao dirigir-se
para o altar, antes da apresentação dos dons, beija-o, não se incensa o
altar no momento do ofertório. No Cânon Romano (Oração Eucarística I) ou
na III, usa-se o prefácio próprio do rito de dedicação da igreja. No
Cânon, diz-se "Recebei, ó Pai" próprio, na Oração Eucarística III,
insere-se a intercessão própria. A missa encerra-se como de costume. Se
houver inauguração da capela do Santíssimo Sacramento, seja feita após a
oração depois da comunhão, da seguinte forma:
Se a capela ficar em lugar visível aos fiéis que estão na nave da igreja, segue a bênção; se não, volta de maneira habitual para o presbitério e neste o bispo abençoa. Usa-se a fórmula pontifical. O diácono despede o povo e faz-se a procissão final como de costume.
Bibliografia:
Inauguração da Capela do Santíssimo SacramentoO santíssimo permanece no alta após a comunhão, o bispo sem solidéu diz a oração. Então, volta ao altar, coloca incenso no turíbulo e benze-o. Ajoelha-se e incensa o santíssimo. Depois, recebe o véu de ombros e com ele pega a âmbula. Organiza-se a procissão até a capela:
- Na frente vai o cruciferário, rodeado pelos ceroferários com duas velas
- Segue-se o clero: diáconos, presbíteros concelebrantes
- O acólito ou coroinha com o báculo do bispo
- Dois turiferários com os turíbulos
- O bispo com o Santíssimo Sacramento
- Os dois diáconos assistentes
- Os acólitos com o livro e a mitra
Se a capela ficar em lugar visível aos fiéis que estão na nave da igreja, segue a bênção; se não, volta de maneira habitual para o presbitério e neste o bispo abençoa. Usa-se a fórmula pontifical. O diácono despede o povo e faz-se a procissão final como de costume.
Bibliografia:
- Cerimonial dos Bispos (VI Parte - Sacramentais; Capítulo IX - dedicação de igreja; 864 - 915)
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