segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Na presença do Bispo !


 ''In Coram Episcopo''

1. Introdução
O Bispo é não apenas o pastor da diocese, mas também seu Sumo-sacerdote. A ele compete celebrar a Eucaristia, ou concelebrá-la com seu presbitério, nas grandes solenidades da Igreja Particular: Missa Crismal, Solenidades Pascais, Aniversário da Diocese e da Dedicação da Catedral, Ordenações, Profissão Perpétua dos Votos religiosos, entre outros.

Nalguns casos, porém, não convém que seja o bispo a celebrar, mas algum presbítero. Entre esses casos, podemos citar o aniversário de ordenação presbiteral ou a missa exequial de algum familiar do padre.

O que justifica esse uso são duas características do Rito Romao. Na forma extraordinária , as ocasiões de concelebração são extremamente reduzidas, o que não engloba os casos citados; na forma ordinária, a concelebração seria possível, entretanto, se o bispo celebra ele é necessariamente o celebrante principal, o que poria o referido sacerdote em segundo plano.

Num ou noutro caso, para que se dê a devida atenção ao Bispo, mantendo um presbítero como celebrante, usa-se as rubricas que regulam a celebração da missa com assistência pontifical

2. Forma Extraordinária
2.1. Assistindo a Missa
Nesse tipo de Missa, o Bispo assiste a celebração em vestes corais. Mesmo que a celebração se faça na catedral, não se senta na cátedra, mas de outro lugar, ao lado da epístola. Não lhe assistem diáconos ou quaisquer outros ministros. Durante toda a celebração, o bispo não exerce qualquer função litúrgica. Não abençoa o incenso, a água, não diz o Confietor.

O Rito da Missa, entretanto sofre algumas pequenas modificações. Ao início da celebração, o celebrante e os ministros após fazerem reverência ao altar, voltam-se para o Bispo fazem reverência ao ele. Durante o Confietor o celebrante volta-se ao bispo e diz "tibi Pater" e "te Pater" voltado para o Bispo, os acólitos curvam-se apenas ao celebrante.

No ofertório, se usa-se incenso, o Celebrate é incensado primeiro com 2 ductos e depois o Bispo com 3 ductos. Durante o Cânon, o Bispo senta-se ao centro do presbitério bem diante do celebrante.


No momento do Beijo dá paz, o diácono dá a paz primeiro ao bispo imediatamente antes de dá-la ao subdiácono.

Na bênção final, o celebrante inclina-se ao Bispo e dá a bênção para o lado em que ele não está. Na saída, faz-se reverência primeiro ao Bispo e depois ao altar. Existe ainda a possibilidade de o Bispo abençoar, para tal não usa mitra ou báculo, apenas a palmatória.


2.2. Presidindo a Missa
Na Missa alta, a assistência do Bispo é mais complexa, uma vez que a ele se reversam alguns ritos da Missa. A começar, o Bispo veste-se como que para as vésperas solenes, com estola e pluvial, além das insígnias pontificais. Na procissão de entrada, ocupa o lugar após o celebrante.
Podemos ver o subdiácono, o diácono, presbítero celebrante e, atrás destes, os diáconos assistentes e o Bispo.
Se a celebração for na catedral, senta-se na cátedra. Se não arma-se para ele um trono do lado direito do presbitério com três ou pelo menos um degrau.


Assistem-lhe os diáconos e os acólitos assistentes, vestidos da mesma forma que para a missa. Não existe nessa celebração a figura do presbítero assistente; podemos entender que esse presbítero "torna-se" o presbítero celebrante.


No início da celebração, o Bispo diz o Confietor ao pé do altar junto do celebrante.




Também dá a bênção ao subdiácono depois da leitura da Epístola e ao diácono antes do Evangelho. Todos os demais ritos da pars didatica, são executados pelo Bispo.

A bênção do sub-diácono depois da leitura da Epístola
A bênção do incenso

A bênção do diácono antes da Proclamação do Evangelho

O Bispo, do lado direito, ouve o diácono cantar o Evangelho sem mitra e com báculo; do lado esquerdo do presbitério, o celebrante.


Antes de iniciar a liturgia eucarística, o celebrante, o diácono e o subdiácono fazem reverência ao Bispo. Na forma extraordinária, apenas os cônegos saúdam o Bispo com reverência profunda, todos os demais fazem-lhe genuflexão.



Embora as funções da Liturgia Eucarística tenham sido transferidas para o presbítero, é função do Bispo abençoar a água para que uma gota seja misturada ao vinho a ser consagrado e também o incenso para a turificação do ofertório.


Durante o Cânon, o Bispo se ajoelha ao centro do altar. Recebe a comunhão dalí a comunhão.



Ao final dá a bênção usando mitra e báculo, como na Missa Pontifical. Saem todos na mesma ordem em que entraram.

Já fazendo alusão à uma cerimonia extraordinária de ordenação episcopal de um bispo do Brasil, o Dom Rifan, que me chamou a atenção de uma forma exorbitantemente quanto à DIMENSÃO DA LITURGIA NESTA CELEBRAÇÃO. A qual convido todos a assiti-la no video abaixo:  
3. Forma Ordinária
3.1. Assistir a celebração
O Cerimonial dos Bispos é extremamente breve ao descrever esse tipo de celebração. Ressalta apenas que o Bispo deve estar vestido das respectivas vestes corais e que não se pode assentar na cátedra.

Podemos ainda, fazer algumas observações práticas que se devem ser observadas nesse tipo de Missa. A primeira delas é que a cadeira do Bispo seja colocada dentro do presbitério, salvo se não houver espaço suficiente. É importante que esse local seja visivelmente distinto da sédia do celebrante.

Os clérigos da missa pontifical não o assistem. Se se julgar oportuno, outros clérigos em vestes corais podem assentar-se junto dele, mas não diáconos de dalmática ou presbíteros em pluvial.

Acerca das reverências a que se refere o rito antigo, não existe nenhuma proibição expressa, assim podem-se manter; até para que fique claro aos fiéis a realidade do ministério episcopal. Basta lembrar que, na forma ordinária, o Bispo não se reverencia com genuflexão, mas com reverência profunda.


3.2. Presidir sem celebrar
Esse rito é o mais solene para a Missa em que o Bispo não celebra. A semalhança do ritual antigo, revervam-se ao Bispo uma série de ritos da Missa Solene.

O Bispo veste-se com amito, alva, cíngulo, estola e pluvial. Usa ainda as insígnias pontificais. A procissão de entrada se faz na ordem convencional, indo no fim dela os concelebrantes, se houver, o celebrante e por fim o Bispo com seus ministros.

Tais ministros são os mesmos da Missa Escional: diáconos e acólitos assistentes, além dos cerimoniários. Na falta dos diáconos, não lhe assistem presbíteros concelebrantes (como na Missa Pontifical), mas presbíteros que não concelebram revestidos de pluvial.

O Bispo senta-se na cátedra ou outro local que indique sua clara presidência sobre a assembleia. No início da celebração o Bispo faz tudo como de costume, até a Oração dos Fiéis, inclusive. a recepção das sagradas espécies pode ser feita pelo Bispo ou pelo celebrante, como se julgar mais conveniente.

A partir daí, o celebrante vai à frente do Bispo, faz-lhe reverência profunda e dirige-se ao altar para dar início à liturgia eucarística. Nesse momento, nada se diz sobre o Bispo abençoar ou não o incenso; todavia, por uma questão de precedência e paralelismo com o rito antigo, que fosse ele a executar esse rito.

O Bispo é abençoado no ofertório logo após o celebrante, na cátedra, de pé e sem mitra. Desde a epiclese até a aclamação depois da elevação do cálice, o Bispo se ajoelha num faldistório preparado para ele no centro do presbitério ou junto de sua cadeira.

Faz a oração depois da comunhão do altar ou da cátedra. Ao final dá a bênção, como de costume. A saída se faz na mesma ordem da entrada.

4. Coram Summo Pontifice
Atualmente pode parecer um pouco estranho para nós que o Santo Padre participe de uma cerimônia sem celebrar a Santa Missa, dado que a anos o Papa não o faz. Mas foi muito comum na liturgia de Roma que o Papa desse assistência pontifical a celebrações celebrados por cardeais ou outros clérigos.

Essa celebrações se realizavam-se inclusive em celebrações importantes, como as celebrações da Semana Santa. Não exclusivamente, mas muitas dessas celebrações se fizeram na Capela Papal Sistina.


Nessa capela, o Santo Padre ocupava o trono do lado direito da capela.



A assistência, seja na Sistina ou fora dela, constava sempre dos cardeais diáconos e outros clérigos próprios da missa papal.


Na foto abaixo vemos um caso curioso, onde o Papa João XXIII preside a Santa Missa que foi celebrada pelo então Cardeal Montini, futuro Paulo VI.





Na atualidade, João Paulo II se serviu de tais celebrações nos seus últimos anos, em função de sua dificuldade de se locomover e executar os ritos juntos do altar. Assim, seguindo o cerimonial novo, presidiu a celebração na basílica de Santa Sabina na quarta-feira de cinzas. Para tal usou pluvial roxo.

O cardeal que celebrou vestiu-se normalmente de casula.

5. Conclusão
Como vimos a celebração "in coram episcopo" ou, em relação ao Bispo de Roma, "in coram Summo Pontifice" são celebrações de antiga data que se usa em circunstâncias pastorais e litúrgicas específicas. Assume, naturalmente, uma posturaição secundária em relação às celebrações do Bispo, uma vez que a missa Pontifical/Estacional é a primeira e mais solene liturgia da diocese.
Apesar disso, vemos a necessidade do estudo e da utilização desse cerimonial que existe em ambas as formas do Rito Romano e pode ser a solução sensata e perfeitamente lícita para algumas ocasiões da vida paroquial e diocesana.
( Com adaptação do site Salvem a Liturgia )




Luan de Souza Pires
Cerimoniário do Sant. Nsa. Sra. do Carmo
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2 comentários:

  1. Os padres que escolhem ser diocesanos em vez de religiosos, não fazem os votos, a não ser o de celibato (de não se casar), mas fazem a promessa de obediência ao Sr. Bispo e se comprometem a rezar a Liturgia das Horas (o famoso breviário). Não saem da diocese a que pertencem (chamamos isso de incardinação) e podem ter bens em seus próprios nomes, já que não fazem o voto de pobreza e têm de prover o próprio sustento.

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    1. Muito bem joão! Isso mesmo! Parabéns! Abraços! Pax vobis!

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